Nada mais desagradável do que ser chamada na escola. O que seria de tão importante assim. Claro meu filho era a coisa mais importante para mim. Depois de ouvir a coordenadora falar por mais de uma hora, sai de lá com a cabeça fervendo. Tanta coisa dita, ele é apenas uma criança!
Chegando em casa minha mãe estava nos visitando.veio para uma xícara de chá. Que bom pensei eu, vou conversar com ela. Assim sendo, após o chá, sentamos na pequena saleta de televisão e conversamos por horas. A tarde quando meu filho chegou, chamei-o para conversarmos.
- Meu filho quero saber varias coisas de você; primeiro, porque você pegou o carrinho de seu amiguinho? Segundo : onde está o carrinho? Quero que me conte calmamente o que está acontecendo.
- Mamãe, peguei sim o carrinho do Junior. E sabe por quê?
- Não disse eu.
- Porque ele tem muitos, eu tenho também, mas aquele daquela cor eu não tinha.
- Meu filho, onde está este carrinho?
- Na estante, mamãe, junto aos outros carrinhos.
- Veja meu filho, porque você não me pediu ao seu pai para comprar este carrinho?
- Porque sabia que vocês iriam dizer: - amanhã ou depois eu compro.
- Então você está precisando aprender algumas regras. Não se deve pegar nada de ninguém, isto é roubo. Você já pensou se eu for ao supermercado e começar a pegar o que bem entender e sair sem pagar? Serei presa, é roubo. Não é porque está te faltando alguma coisa que você vai e pega! Fui chamada hoje na escola por causa disso e me senti muito envergonhada, pois amo muito você meu querido.
- Então penso que a culpa é minha.
- Não mamãe fui eu que peguei...
- Sim eu sei, mas talvez eu não tenha te ensinado a não fazê-lo. Você vai crescer muito ainda, e quero que aprenda que não se tira nada de ninguém. Peça se for o caso.
- E se eu achar mamãe.
- Procure o dono, tudo tem dono.
- Você gostaria de perder alguma coisa?
- Não, é claro.
- Entenda meu querido, não pegue nada de ninguém e nem aceite coisas de estranhos. Nem sempre podemos dar tudo que os filhos querem, fazemos o possível. Quero que peça para nós e entenda nossa resposta. E agora vamos devolver o carrinho para o Junior.
E ele o fez sem constrangimento, pois em sua cabecinha não havia nada de mais. A noite conversando com meu marido, até rimos do episódio.
- Ora, um carrinho.
- Mas é assim que começa, do nada.
Vendo toda a corrupção que anda por aí fica até meio sem sentido a lição que dei ao nosso filho. É mas quero que a preserve a vida toda.
- Apenas uma criança de 4 anos, mas como dizia mamãe : E cedo que se torce o cipó!